sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

São as palavras que eu digo
Meu abismo e meu abrigo
Partilha de pão e espanto

Lucidez que desatina
Chão sagrado onde germina
A semente do meu canto

São as palavras que eu digo
Meu abismo e meu abrigo
A semente do meu canto

Palavras a que eu entrego
prazer e desassossego
tormento e consolação

A quem pergunto e respondo
Quando me exponho e me escondo
Entre a crença e a razão

Palavras que reinvento
Meu desafio e sustendo
Pedras de luz e de lodo

Companheiras do caminho
Maneiras de eu estar sozinho
Abraçando o mundo todo

Palavras que só mereço
Se em troca do que lhes peço
Der tudo o que posso dar

Se um dia as não merecesse
Que eu nunca mais as dissesse
E deixasse de cantar

Um dia se as não merecer
Que as não consiga dizer
E que eu deixe de cantar

As Palavras, de Manuela de Freitas
soberbamente cantadas por Camané, evidentemente