São as palavras que eu digo
Meu abismo e meu abrigo
Partilha de pão e espanto
Lucidez que desatina
Chão sagrado onde germina
A semente do meu canto
São as palavras que eu digo
Meu abismo e meu abrigo
A semente do meu canto
Palavras a que eu entrego
prazer e desassossego
tormento e consolação
A quem pergunto e respondo
Quando me exponho e me escondo
Entre a crença e a razão
Palavras que reinvento
Meu desafio e sustendo
Pedras de luz e de lodo
Companheiras do caminho
Maneiras de eu estar sozinho
Abraçando o mundo todo
Palavras que só mereço
Se em troca do que lhes peço
Der tudo o que posso dar
Se um dia as não merecesse
Que eu nunca mais as dissesse
E deixasse de cantar
Um dia se as não merecer
Que as não consiga dizer
E que eu deixe de cantar
As Palavras, de Manuela de Freitas
soberbamente cantadas por Camané, evidentemente